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Dor, alteração da visão e inflamação ocular? Conheça os sinais de alerta da uveíte

25.01.2021

Médico coloca gotas num olho de um doente

A uveíte é uma doença oftalmológica que, se não for diagnosticada e tratada atempadamente, pode provar danos graves na visão. Conheça os sintomas e saiba como se trata.

 

O QUE É?

A uveíte ocorre quando existe uma inflamação da úvea, que é a camada intermédia do olho. Esta camada é a responsável pela vascularização – isto é, pelo afluxo de sangue – do olho e a sua inflamação pode causar danos irreversíveis. Se não for diagnosticada e tratada a tempo, a uveíte pode mesmo provocar perda de visão e cegueira.

A inflamação pode afetar as diferentes estruturas da úvea (localizadas em diferentes regiões do olho) ou envolver toda a úvea em simultâneo. As uveítes podem afetar um ou os dois olhos, em simultâneo ou de forma alternada.

 

QUAIS SÃO OS SINTOMAS?

Os sintomas da uveíte variam de acordo com a localização da inflamação. Podem incluir visão turva, moscas volantes, dor, olho vermelho e fotossensibilidade ou fotofobia (dificuldade em encarar a luz ou claridade).

As uveítes anteriores apresentam normalmente dor, olho vermelho e fotofobia. Já as uveítes intermédias e posteriores, geralmente provocam perda de visão e moscas volantes.

 

PORQUE ACONTECE?

As uveítes têm causas diversas: pode ser uma doença exclusivamente ocular ou apresentar-se como manifestação de outra doença sistémica do doente.

A inflamação acontece como resposta natural à infeção. As causas infeciosas podem incluir bactérias (sífilis, tuberculose...), fungos, vírus (rubéola, o HIV e os vírus da família Herpes) ou parasitas (Toxoplasma e Toxocara).

A uveíte pode também ter uma causa autoimune, em que há uma resposta desregulada do sistema imunitário contra o próprio organismo. Neste caso, podem tratar-se de doenças autoimunes que afetam apenas o olho (retinocoroidopatia de Birdshot, síndromes de pontos brancos, iridociclite heterocrómica de Fuchs...) ou serem uma manifestação de uma doença autoimune sistémica (artrite idiopática juvenil, sarcoidose, doença de Behçet, lúpus, artrite reumatoide ou doença inflamatória intestinal, por exemplo).

Mais raramente, a causa da uveíte pode ser traumática, como consequência de um dano nos tecidos do olho. Alguns fármacos, toxinas e neoplasias sistémicas podem igualmente causar inflamação. Em muitos casos, não é possível determinar a causa, denominando-se uveíte idiopática.

 

COMO SE TRATA?

O tratamento das uveítes tem como objetivo eliminar a inflamação, aliviar a dor e prevenir danos estruturais no olho, de forma a evitar a perda de visão. Os tratamentos dependem do tipo de uveíte e da sua causa.

A base do tratamento agudo é a utilização de corticóides para controlar a inflamação, podendo estes serem aplicados por via tópica, regional ou sistémica. As uveítes infeciosas devem ser tratadas com medicação dirigida ao agente causador. Para controlar a inflamação a mais longo prazo, pode recorrer-se a medicação imunossupressora adequada.

Todos os tratamentos implicam uma vigilância atenta dos seus efeitos secundários e patologias de base, pelo que é fundamental que o doente seja acompanhado por um oftalmologista com experiência em inflamação ocular.

 

Cristina Fonseca

Mestre em Medicina pela Faculdade de Medicina de Coimbra e em Patologia pela Universidade McGill, Canada.
Fellowship em Uveítes e Inflamação Ocular no McGill University Health Centre, Canada
Assistente Hospitalar de Oftalmologia nos Hospitais da Universidade de Coimbra
Oftalmologista na UOC – Unidade de Oftalmologia de Coimbra

Dra. Cristina Fonseca

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